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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Blogagem coletiva: Mãe de dois



Ao contrario da maioria das minhas amigas o casamento nunca foi um sonho, nunca me imaginei entrando na igreja de branco para encontrar o príncipe encantado no altar. Mas sempre sonhei em, junto com a pessoa que eu amo, formar um família e nesse sonho havia mais de um filho. Nunca me liguei muito nisso de ser menino ou menina, queria mais de um, na verdade três, mas quanto a isso já mudei de ideia, além das questões logísticas com a vida amalucada que levamos, cheguei a conclusão que dois é um bom tamanho para mim.
Quando chegamos aqui em Mendoza não demorou muito para notarmos que a maioria das famílias de classe média alta tem dois ou mais filhos. Andei perguntando e ao que parece é um fenômeno local, em Buenos Aires não é assim e aqui mesmo famílias de classe média raramente tem mais de dois filhos. Vizinho aqui de casa morava um família com dez filhos, isso mesmo DEZ, o mais velho tinha uns 16 anos e o menor perto de um ano, imagino que deve ser até legal ser filho em uma família assim, mas não sei se sobra muito para que a mãe e o pai sejam outra coisa além disso.
Aqui nunca nos perguntaram se não queríamos outro filho quando só tínhamos o Guilherme, acho que pela idade dele as pessoas achavam que tínhamos problemas em conceber, mas bastou nascer Felipe que sempre, sempre, perguntam se não vamos tentar uma menina e a maioria tem dificuldade em assimilar o "não". Não é que eu não teria mais um filho é que eu não teria outro filho para ver se vem uma menina.


A dupla maternidade tem me colocado em várias saias justas, normalmente por conta dos comentários que fazem sobre o Felipe. Guilherme sempre foi muito atento, até demais, e encarrar o papel de irmão não é fácil e normalmente, são os adultos, estranhos na rua, que complicam as coisas. Estamos passeando e sempre vem alguém comentar os olhos do Felipe, o sorriso do Felipe, ou qualquer outra coisa e o coitado do Guilherme passa batido e ele perguntava, sempre perguntava, por que não diziam nada para ele. Explicamos várias vezes, mas ele não se convencia, um dia ele mesmo mostrou a solução. Uma senhora comentou sobre os olhos do Felipe e Guilherme rápido disse: "são iguais aos meus". Ultimamente, ele nem fala mais nada, ri e segue o passeio.
Uma coisa que sempre me chama a atenção é como os amigos do Guilherme tratam o Felipe, do grupo apenas um é filho único e a maioria é de irmãos mais velhos e ainda assim Felipe ganha sua dose de carinho e atenção, a última dos meninos oferecer os cabelos para que o Felipe puxe ( e ele puxa forte!), já as meninas não dão muita bola para ele não, não sei se é algo do grupo do Guilherme muito menos ando elaborando o porquê, só sei que por hora é assim.
Mas nem tudo são flores, na hora que a brincadeira está armada, os brinquedos espalhados, começam os gritos "Mããããããeeeee tira o Felipe daqui". A chegada da mobilidade do Felipe trouxe o ciúme. O mesmo Guilherme que monta o teatro de fantoches e encena para o Felipe, fica aflito na hora da vacina e sempre canta para acalmar, se desespera se ele se aproxima de alguma coisa "proibida". Solução, pelo menos por hora não tem, estamos sempre conversando, mas a verdade é que esse é um dos poréns de ter irmãos. Quando temos outras crianças aqui (o que tem acontecido pelo menos uma vez por semana) delimitamos uma área para a brincadeira e por algumas horas Felipe não entra, em contrapartida ganha um tempo só com a mamãe, ou quase isso, já que eu tenho que monitorar os meninos também. 
E ainda assim, Guilherme é o ídolo do Felipe, desde recém nascido o jeito que ele olha para o irmão é encantador, o olho brilha diferente quando ele recebe atenção do irmão. Guilherme também vibra com cada marco de desenvolvimento do irmão, ficou triste quando contamos que Felipe fica em pé sem apoio e só sossegou quando ele mesmo viu, adora descobrir o que o irmão está falando e é o campeão de brincar de "Achou" com o Felipe. Nas viagens de carro desempenha com maestria o papel de animador, pelo menos até o sono chegar.
Essa jornada está prestes a completar um ano e se nem sempre é fácil e eu levo a culpa de muita coisa (acho que alguém andou lendo Freud pro Guilherme) ainda temos muito chão pela frente, entre lágrimas e risos continuo convencida de que é sempre possível contornar as questões financeiras e que o único do bom e do melhor que meus filhos precisam são o amor, o carinho e a educação que João e eu damos para eles. Roupa, brinquedos, viagens de férias podem muito bem não serem as queridas e sonhadas, mas no final tudo dá certo e mesmo que eles não sejam melhores amigos, espero que sejam companheiros, se amem e acima de tudo se respeitem.


Este mês o tema da blogagem coletiva do Mães Internacionais é sobre ser mãe de mais de um, para saber como outras mães encaram esse desafio e como é em outros países clique aqui.


10 comentários:

Clarinha disse...

Neda, quase um aninho já? Caramba, como o tempo passa rápido com os bebês dos outros! Aqui em casa parece que anda tão devagar, hehehe!

Eles estão lindos, lindos! Parabéns!

Neda disse...

# Este comentário é da Lu, que sem querer eu apaguei na hora de publicar.

Adorei, Neda! Eu sempre imagino a casa com dois filhos (sempre penso em 2 meninos, não sei pq!), a alegria q será, da bagunça q teria q arrumar, os gritos, as risadas... Mas ao ler sobre o amor do Felipe pro Guilherme, me pus a pensar, pela primeira vez, no Uri como "irmão mais velho", como exemplo, como "ídolo" e achei tão engraçado, tão diferente, o meu pequenininho sendo grande pra alguém...

Vamos ver como será isso algum dia!!

Beijos

Celi disse...

Neda sei bem do que você está falando... essa relação entre irmãos. Enquanto lia o seu relato lembrava o tempo todo do meu Felipe com o Thomas. Tudo tão parecido e para nós é um desafio tão grande incentivar essa relação de cumplicidade, o tempo todo temos que ponderar nossas atitudes, as falas e ações de um com o outro. Não é mesmo?
Ao mesmo tempo, é tanto orgulho!!!! Como é bom ser mãe de dois, três....rs
Beijos para vocês.

Neda disse...

Clarinha, sério que para você o tempo tem passado devagar? Aqui em casa ele sempre passa galopando, queria ter essa sensação.

Lu, é assim mesmo! O nascimento do Felipe fez o Guilherme crescer muito.

Celi, sempre que penso em três filhos penso em você.

Patitando disse...

Ai minha nossa, eu nunca tinha pensado na interação entre os irmãos e a inevitável comparação. Eu também sempre quis mais de um, e estou aqui me preparando para quando o segundinho chegar. Agora o que eu sei é que aqui quando tiver o segundo o povo vai continuar perguntando quando vem o terceiro... O pessoal aqui é animado!
Pati

Michelle Siqueira disse...

Oi, Neda!

Eu me identifiquei bastante com a rotina, com a constatação de que "por hora é assim" e de nem sempre tentar elaborar um porquê.

O tempo passa rápido e lembro do mês que o seu caçula ia nascer e vc disseno grupo das mães "esse mês vai ser com emoção", foi engraçado... Agora estamos aqui fazendo textos sobre os irmãos. Sem dúvida eles têm uma relação fantástica. Meu papel é mais de observadora. Tem as guerras, o "é meu", o "dá!!!", o "mamãe, olha ele aqui!" e um "nãããããããããããão" bemmmm longo da mais velha pro caçula. Tem dias que ela perde a paciência com ele mesmo, chora e nem me chama mais, acho que percebe que diante de algumas situações sou impotente. Converso mais é com ela e tento passar um tempo com ela quando o irmão está dormindo, pra ela sentir que estou por perto, embora quase todas as minhas energias sejam entregues nos cuidados com o menor.

Em Portugal as famílias de classe média costumam ter um só. Quando vc veio aqui já estavam neste pé? A taxa de natalidade só baixa e agora com a crise...

Bjo Neda,

Michelle

Neda disse...

Michelle, as famílias portuguesas que eu conheci tinha muita gente com dois filhos e uns com um filho. Mas minha amostragem era pequena.

Assim como você por hora tendo dar mais atenção ao mais velho, explicar e consolar, mas sei que com o tempo isso vai ter que mudar.

Bjs

Cristin disse...

Super interessante essa blogagem...tô amando conhecer o blog de vocês!!!
Que massa!!
Bj bonita

Sofia Fonseca disse...

Oi Neda, quantas saudades!

Um comentário em relação à atenção das pessoas em relação a bebés.
Entre o Karim e Salim as coisas foram um pouquinho diferente.
Por exemplo, quando o Salim nasceu, a atenção continuou com o Karim, porque a idade dele, ano e meio, ainda era o centro das atenções! Coisas que convidavam o Karim para fazer com pouca idade, não convidavam o Salim com a mesma, pois achavam sempre que era pequeno demais :)
Mas pouco a pouco o Salim conquistou o terreno dele. E isso mesmo na rua, o Karim ainda era um bebé! E os bebés encantam!
Hoje com 3 e 4 e já quase não há diferença.
São, os melhores amigos e super companheiros :)
Brincam juntos, vestem o mesmo, tudo igual :)
Admiram-se um ao outro!

Bjos
Sofia

Sofia Fonseca disse...

ah e mais ou coisa.. como custou os primeiros dois anos! Dois bebés! Muitas horas, dias sem dormir, doenças sempre a dois... mas hoje passado 3 anos :) É tudo tão bom e até acho que muito mais fácil de que se fosse só 1! Porque exigem menos de mim por terem um ao outro e pouco a pouco estou organizando minha vida novamente e conseguindo sentir eu mesma. Feliz :)