Nem lembro se alguma vez comentei por aqui que o Guilherme dava muito trabalho para dormir e acordava várias vezes durante a noite, mesmo depois de não mamar mais. Foram quase quatro anos até encontrarmos um ritmo e uma rotina que fosse boa para todos na casa. Ele continua sendo duro na queda, mas depois que eu leio uma história dou boa noite e ele fica no quarto até dormir. As vezes ele sai, claro que dar uma "olhadinha" no que os adultos estão fazendo é tentador, levamos ele de volta para o quarto, beijinho, carinho e quase sempre funciona.
Quando Guilherme nasceu ele era bastante inquieto e já dormia menos do que o esperado para um recém nascido. Relatos dos meus pais e dos pais do João dão conta de que nós, os dois, eramos assim. Então, ou era coisa de primeiro filho, ou ele havia saído aos pais. Ainda assim, ficava a questão do como lidar com o "problema", foram vários livros, conselhos, palpites ... A preocupação não eram as noites em claro, era o fato dele dormir menos, bem menos do que é considerado necessário para bebês. Foi ai que descobri dois livros que acho importantes para todos os pais (Soluções para noites sem choro e o Bebe mais feliz do pedaço), devorei os livros e me identifiquei com as idéias. Para algumas coisas já me pareceu meio tarde, para outras ainda havia tempo. Aos dois meses, como por um passe de mágica, ele começou a dormir a noite toda (leia-se dormia umas 12 horas, com um intervalo para mamar) durante o dia "sonecavamos" na rede e tudo parecia bem. Haveriamos encontrado o ritmo?
Com a minha volta ao trabalho tudo mudou e piorou. As noites eram picadas e praticamente não dormia durante o dia. Uma pediatra chegou a dizer ao João que o bebê estava me "chantageando" (contei isso aqui). Quando começou na creche ele deu uma melhorada nas sonecas diurnas, mas era o bebe que menos dormia do berçário. As noites continuavam na mesma por um bom tempo. Foi mais ou menos nessa época que encontrei o conceito de "High-need babies" e que se encaixava como uma luva. Na verdade o relato do Dr. Sears sobre a filha era quase como o nosso, com a diferença que para nós era o primeiro filho, para ele o quarto. Hoje, relendo o quadro no final, vi as características por faixa etária, e o menino Guilherme é tal e qual e já vejo algumas coisas do futuro Guilherme. O texto em inglês dá mais detalhes sobre cada uma das características e traz links interessantes no final.
Sei que com 11 meses melhorou e voltou a uma acordada por noite. Mas já não dormia quase nada durante o dia, soneca é para os fracos, parecia ser o lema do pequeno. E assim fomos ... Com dois anos ele já não mamava e não dormia nenhuma soneca durante o dia e as noites não eram assim uma Brastemp maravilha, mas eram muito melhores. Nesse momento muitas coisas aconteceram, ele esteve doente, mudamos para Cabo Verde, em fim ... e tivemos que recomeçar. E foram muitos recomeços até chegar ao formato atual.
De tudo o que passamos eu digo que desabafar é preciso, mas os ouvidos devem ser muito bem escolhidos, travestidos de conselhos e dicas vem comentários muito crueis. Se a solução encontrada não é nada ortodoxa, mais cuidado ainda.
11 comentários:
arthur é exatamente assim, neda, nem preciso ler o texto para encaixar no conceito higt-need.
eu chamava de demandante, mas adorei a expressão em inglês. ele dormiu a noite inteira com dois meses e passou a acordar várias vezes assim que voltei a trabalhar.
ele ainda é um bebê sem padrão, mas vamos caminhando -> mantendo a rotina, sei que as noites são melhores.
beijoca
Nossa, obrigada por postar esse texto. Identifiquei minha filha por completo! =)Com oito meses ainda acorda muuuuuito, e é muito "hiperativa"
Paula
http://mamaemimada.blogspot.com
@Mariana - viciados em colo Eu chamava de "exigente" e por vezes "dependente". Foi, é, um aprendizado constante.
BJKS
@Paula Ruas Paula, obrigada pela visita! Nessa fase o pior para mim eram os comentários "não sei o que é uma noite sem dormir desde que o fulano tem x semanas" acompanhados do olhar assombrado. Era me matar! Eu em frangalhos, queria mesmo era desabafar, até mesmo um "vai passar" ou "as vezes é preciso paciência". Me sentia um fracasso, mesmo sabendo que não era o caso.
Bjs e calma, muita calma nessa hora.
Muito bom, Neda. Ainda não consigo identificar se a Clarice se encaixa neste conceito fazernão.
Vou ler com calma e pensar mais a respeito, porque agora as questões emocionais (e fusionais) me impedem de ver claramente.
No mais, adorei a frase final, realmente, a maioria das pessoas culpa os pais por isso. Tenho ouvido cada coisa também...
Beijos
@Paloma, a mãePaloma, definitivamente a análise é melhor e mais precisa em momentos de normalidade, quando ela está bem e segura. Você também.
BJS
Eu fazia como a @Mariana, chamava sempre o Elias de demandante. Lembro que várias madrugadas enquanto ele mamava eu chorava de tão cansada que me sentia, e me perguntava onde eu estava errando...
Agora com 4 meses as coisas estão melhor, ainda está longe de termos a noite de sono perfeita, mas já está muito melhor. Se eu tivesse ouvido falar desse conceito há 4 meses certamente teria me culpado menos e trabalho mais minha aceitação, mas antes tarde do que nunca, né não? Obrigada pela dica, já passei pro marido também!
Bjus
nunca tinha escutado falar mas acho que o filho dos meus vizinhos de baixo é assim...tadinho, ele ja tem quase 2 anos e passa a noite toda entre choros e berros =/ E aqui na alemanha ele passa por bebe chorao. bjs!
Obrigada por compartilhar como acontece tudo por aí. É um conforto saber que outras mães passam pelas mesmas experiências que a gente. Uma troca constante!
Cada criança é de um jeito. Vale nossas tentativas, mas precisamos aceitar... Cada qual sua realidade.
Um beijo.
Neda,
Não conhecia teu blog, conheci através do link da Mari! Muitíssimo obrigada por compartilhar. Postei sobre isso e te linkei lá na nave, o Dr. Sears escreveu sobre o Lorenzo. Tudo o que penso em ralação ao Lorenzo, inclusive! Não acho Lorenzo difícil, acho o bebê mais delicioso, carinhoso e afetuoso do mundo.
Achei engraçado que inclusive ja ouvi uma frase bem parecida com a do amigo terapeuta. Uma enfermeira me disse que o choro do Lorz não era desesperado, era choro de quem sabia que seria atendido!
Beijos
Oi Neda, eu também virei fanzona da Elisabeth Pantley depois que o Izan passou a fazer duas sonecas e a dormir as 21:30, antes ele dormia ás 2 da manhã chorando, um horror. Beijos
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