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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Diario de uma mudança - Parte IV

Meu lar foi "coisificado", são caixas e mais caixas espalhadas pela casa. Ainda chamamos o apartamento de casa, estranho isso de se sentir em casa e nao ter mais casa. Hoje fui a escola do Guilherme pedir os documentos, quase choro, e olha que nem levei ele. Pediram para levar a tarde, quando fosse pegar, como dizer que não? Claro que levo! E com certeza vou chorar. Ontem a tarde uma pessoa muito querida me levou as lágrimas, fiquei engasgada. Sei que faremos novos amigos em Mendoza, mas os daqui não tem substitutos. Sentirei muitas saudades dos meus amigos, mas acho que sentirei ainda mais saudades das crianças, dos amigos do Guilherme.Deve ser que vou sentir saudades por mim e por ele. Quando será que os verei de novo? Como vão estar? Seus gostos e preferências? Vão lembrar da gente?
Falando em Guilherme, ele não está nada empolgado com a mudança, já disse mais de uma vez que não quer mudar, ele nem imagina que não será a última. Conversamos muito com ele, explicamos, mas nos ultimos dias nos permitimos abrandar a sua dor dizendo que vamos voltar para visitar. É algo que sempre pensamos em fazer, trazer um Guilherme já crescido para (re)conhecer o país onde ele passou de bebê a menino. Não dizemos que isso ainda deve demorar alguns anos, não faz sentido. Esses dias tenho me permitido estragar um pouco meu filho, faço as comidinhas de que ele mais gosta, deixo ver mais dos desenhos favoritos, deixo ficar na piscina até ele pedir pra sair. 
Também mordi a lingua, e tive que fazer algo que sempre critiquei. (mesmo sabendo que era a melhor solução para aquelas famílias) Deixei a Luisa com ele na piscina para poder arrumar as coisas no apartamento, da janela acompanhava a diversão, mas a Luisa não poderia fazer o que eu tinha que fazer, já ela pode olhar o Guilherme na piscina. E viva a flexibilidade!
Há 6 meses não imaginava que me sentiria assim. Tanta coisa aconteceu ...

3 comentários:

Paloma Varón disse...

Eu fico focada nos sentimentos do Guilherme para tentar aprender um pouco na hora em que tiver que explicar tudo isso pras minhas meninas. E, de certa forma, sofro junto com vcs nesta mudança, apesar de saber que logo vem a bonança mendoncina.
Besos

Flavia disse...

Tenho acompanhado os diarios de uma mudança... e imagino (só imagino) um pouco esses sentimentos contraditórios que é mudar-se!
Sei que não é fácil, por mais "necessário" que seja.
E te lendo agora me fez lembrar uma musica que acho tem tudo a ver com esse post.

"Há muito tempo que eu saí de casa
Há muito tempo que eu caí na estrada
Há muito tempo que eu estou na vida
Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz
Principalmente por poder voltar
A todos os lugares onde já cheguei
Pois lá deixei um prato de comida
Um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar
E aprendi que se depende sempre
De tanta, muita, diferente gente
Toda pessoa sempre é as marcas
Das lições diárias de outras tantas pessoas
E é tão bonito quando a gente entende
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá
E é tão bonito quando a gente sente
Que nunca está sozinho por mais que pense estar
É tão bonito quando a gente pisa firme
Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos
É tão bonito quando a gente vai à vida
Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração..."


Bjo grande

eulalia disse...

Ritos de passagem...
Fazem parte do nosso ensaio que chamam vida!
Fiquem bem, meus amores!
Conto os instantes para tê-los aqui!
Beijos!