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sábado, 26 de junho de 2010

Do flagelo da seca ao flagelo da chuva

Lembro bem na minha infância das longas reportagens sobre os flagelados da seca no nordeste, os retirantes que migravam para a capital e enchiam a cidade nos periodos de seca estavam lá. A seca marcou bastante a menina da capital, onde também chove pouco, mas a vida é infinitamente mais fácil, ou seria menos difícil. A questão é que desde as décadas de 1970 e 80 muito pouca coisa mudou no sertão nordestino, claro que há lugares que melhoraram, mas no geral a vida segue mais ou menos a mesma. Em 2001, o Brasil ficou com olhos marejados ao ver no Jornal Nacional a série de reportagens de Marcelo Canellas entitulada Fome, a maioria simplesmente não conseguiu ficar indiferente depois de ver uma mãe alimentar os filhos com água e limão na falta de qualquer outra coisa. A série foi uma das mais premiadas, se não a mais premiada, no Brasil. Entre os premio está o Vladimir Herzog, no site é possível assistir a série. Dois anos depois, o reporter voltou aos mesmos lugares e mostrou que a vida daquelas pessoas continuava a mesma, o material foi ao ar como um Globo Repórter. Particularmente, quero acreditar que a vida dessas pessoas melhorou um pouco nesses sete, nove anos. Mas sei que ainda há gentes vivendo assim.



Pois, nesta mesma região, a água faz um estrago similar, a abundância de água deixa um rastro de destruição que depois de ver as imagens na internet e na TV, não ficam muito atrás do Tsunami em 2004 ou do furacão Katrina 2005. É possível dizer qual dos dois flagelos é pior, não sei, acho que não há como comparar. Nas últimas semanas as chuvas estão fazendo um grande estragado, deixando mortos, desabrigados e desalojados, nos estados de Pernambuco e Alagoas. São pessoas que perderam tudo o que não tinham, se salvaram por pura sorte e pela pericia de bombeiros que trabalham nas equipes de resgate. Em plena copa do mundo, o sofrimento dessas pessoas passa a segundo plano, quando o Brasil se veste de país de chuteiras. Mas, por outro lado, rapidamente, foi organizada a campanha #CopaSolidaria e os locais públicos onde estão sendo transmitidos os jogos da Copa do Mundo viraram postos de coleta. Também há outros locais para entrega de donativos, os Correios estão recebendo donativos, o SESI também.





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