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terça-feira, 10 de maio de 2011

O passado: a perda

Em junho do ano passado, um teste de farmácia trouxe grande alegria e surpresa para a nossa casa. Mesmo feliz eu sentia que algo não estava bem. A primeira consulta com a médica foi no minimo estranha, nada batia com nada, as datas, o tamanho do útero, o colo estava fechado então havia uma gravidez. No primeiro ultrassom o médico explicou que o embrião ainda não era visivel, mas que a vesicula vitelina sim e que em breve ali haveria um embrião. Sei ...  A vida seguiu em frente e contamos para a família e os amigos mais próximos. Também contamos ao Guilherme.
Com João começamos a fazer planos, organizar os preparativos, afinal antes do bebê chegar havia uma grande mudança para fazer e passamos o tempo pensando nas duas coisas. Uma manhã, ao sair da cama, uma machinha foi o sinal de que algo não ia bem. Tentei manter a calma e esperar até o meio dia para ver, mas ela estava lá, e aumentava. Liguei para a clinica e marquei uma consulta e esperei longas horas com João ao meu lado. Outra médica me atendeu, olhou o ultrassom, os exames e foi sincera.: "Não vejo nada, nem vesicula vitelina". Pediu outro ultrassom, indicou outro médico, e lá fomos os dois ouvir o mesmo. Voltamos ao médico, de volta a primeira que me atendeu. Se a primeira consulta foi estranha, esta foi acolhedora, ela parecia tão abalada quando nós. Saímos de lá decididos a esperar, eu teria que fazer repouso relativo, e depois de uma semana fariamos outro ultrassom. A natureza seguiu seu curso, e no fim de semana mesmo meu corpo começou a expulsar os vestigios da gravidez. Eu escolhi esperar, deixar o corpo cuidar de tudo e ele cuidou. Não foi fácil, nada fácil, mas sei que foi o melhor para mim.
Eu já sabia o que era uma gravidez anembrionária, conheço algumas pessoas que passaram por isso. Era uma gravidez completamente inviável, faltava o básico, mas isso não dimiui a dor, a falta e o vazio. Aos poucos contei para algumas amigas o que hava acontecido e a vida seguiu em frente, sei que não vou esquecer.
Para mim, o pior não foi receber a notícia mas sim dar a notícia aos que sabiam da gravidez. Guilherme também soube da gravidez, decidimos contar a ele. Nos dias em que eu tive que fazer repouso expliquei o que aconteceu de maneira simples, por uns dias ele perguntou pelo bebê e sempre davamos a mesma resposta. O bebê estava doente e não está mais na barriga da mamãe. Não sei se ele lembra (acho que sim), mas não pergunto. Pra quê?
Alguns livros que li sobre gravidez os autores defendem que as mães devem contar desde que se descobrem grávidas, inclusive para os filhos menores, a perda faz parte do ciclo da vida e quando acontece é preciso receber o carinho de todos que estão por perto. Concordo! Mas quando me vi grávida de novo decidi esperar, por uma série de motivos, o principal era que só queria contar para o Guilherme quando já tivesse uma barriguinha pra mostrar, chegamos a conclusão que a espera seria longa para ele. Admito que também estava com medo.


4 comentários:

Clarinha disse...

Puxa, maior barra... acho que eu teria feito como vc e só contado depois ao filho mais velho. Que bom que vcs estão bem agora! Abraços

Livia, mãe da Carol disse...

Neda, eu não sabia deste fato mas imagino que tenha sido(e ainda seja) doloroso. De qualquer forma, acredito que tudo tem a sua hora pra acontecer e talvez aquele não fosse o momento do bebê. Agora é hora de pensamentos alegres e muita comemoração pelo vinda de mais uma pessoinha!

Juliana Silveira disse...

No meu caso já era um bebezinho sim. Eu já desconfiava mas não queria muito acreditar porque o pai já não estava comigo. Só que quando acordei do choque e marquei a consulta, alguns dias antes, o bebezinho se foi. Contei pra pouquíssimas pessoas, e só alguns anos depois. É realmente frustrante e dolorido. Mas existe alguma sabedoria oculta na natureza. E há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia... Carinho pra você, sempre.

Anônimo disse...

Neda, eu não sabia deste fato, mas imagino que tenha sido(e ainda seja) doloroso. Acredito que tudo tem um tempo certo pra acontecer e talvez aquele não tenha sido o momento do bebê. Agora é hora de alegria e comemoraçao pela chegada da pessoinha. Um beijo.
Lívia, mãe da Carol

(comentário republicado depois da pane do blogger)