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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Blogagem Coletiva: Paternidade ativa em Mendoza (ARG)

Ontem foi dia de Blogagem Coletiva das Mães Internacionais, mas com a meu dia tomado pelo Felipe, a casa e um curso que estou fazendo tive que deixar de lado algumas coisas e a Internet foi sacrificada, mas com o post rascunhado na minha cabeça durante uma mamada e outra da madrugada, encontrei um tempo para colocar no "papel".


Nos fóruns maternos este é um tema que sempre surge e ao longo de mais de 6 anos de "maternosfera" já vi de tudo, inclusive mãe que não deixa o pai cuidar dos filhos por que ele não faz as coisas exatamente do jeito dela! Eu sei, eu sei , toda mãe quer corrigir quando vê alguém fazendo as coisas diferentes com os filhos, mas daí a não deixar são outros quinhentos. A verdade é que na minha geração as mulheres foram educadas para serem independentes, trabalharem e junto com isso formar um família, mas os homens não foram educados a participar da vida domestica, da vida dos filhos, ainda foram educados para serem provedores materiais da família.

Pelo que vejo aqui em Mendoza, as coisas não são muito diferentes do Brasil. No nosso grupo de amigos há exemplos bem variados e para mim o exemplo que melhor mostra a mentalidade dominante aqui é este: os pais de um amigo convidaram o Guilherme para o cinema, quando passaram aqui para pegá-lo perguntei se iam ir os dois (a mãe tinha sido operada uns 10 dias antes) e sim, vamos os dois e foram. Mas ela não se sentia bem e decidiram levar os meninos para a casa deles depois do filme. O pai seguiu com sua programação normal e foi para um passeio de bicicleta e deixa a esposa (que não se sentia bem) com dois capetinhas. Eu só descobri isso quando trouxeram o Guilherme e perguntei ao pai como ele havia se comportado. Apesar de ser o pensamento dominante, muitos não são assim, uma amiga convidou as mães e os filhos para um chá um sábado a tarde e a função do marido era entreter as crianças pra gente conversar. Outra vez, num almoço aqui em casa, quando chegou a hora da soneca do irmão menor de um dos amigos do Guilherme o pai foi com ele pro sofá e vez ele dormir e ficou lá com ele, por mais de uma hora, até ele acordar.

Aqui é papel da mãe levar as crianças pros aniversários, se ela não pode ir em geral as crianças não vão e pronto. Agora, como são um pouco maiores, uma pede a outra para cuidar do filho se não pode ir, mas é raro o pai ir, muito raro mesmo. As vezes, o pai entra acanhado, entrega a criança e depois passa para pegar. Quando chegamos aqui, eu fazia questão de levar o João para as festinhas comigo, em parte para me fazer companhia caso o ambiente fosse menos amistoso e assim fomos, os dois, conhecendo as famílias dos colegas de escola do Guilherme, com o tempo ficamos amigos dos pais e no aniversário do Guilherme três pais levaram seus filhos a festa, um recorde!



Uma coisa bem comum por aqui são os programas pai e filho. Não é raro rolar um acampamento  ou passeios de bicicleta, bem ao estilo Clube do Bolinha. Com as meninas também rola algo assim, mas isso não me pertence. No consultório do pediatra vejo que ambos os pais que vão com bebês, depois são normalmente as mães e entre os pre adolescente não é raro ver o pai acompanhando, mas pelo que contam as que já passaram por isso dizem que nos hospitais normalmente as crianças ficam com as mães.

Aos poucos vejo as coisas mudando a impressão que eu tenho é que as coisas começam a mudar com aqueles que não podem pagar uma empregada/ babá ou preferem gastar esse dinheiro com outras coisas. Realmente espero que a geração do Guilherme e do Felipe percebam que pai não tem que ajudar, tem que participar, ninguém nasce sabendo e é tão bom aprender e descobrir juntos.

Para ler como é a Paternidade Ativa em outros países, clique aqui

6 comentários:

Michelle Siqueira disse...

Olá, Neda.

Eu também percebo algumas mudanças aos poucos e não é algo que seja amplamente divulgado, não vejo as mães aqui em Lisboa, da escola da minha filha, virem me contar que o pai fez isso ou aquilo. A família em que o pai é ativo simplesmente tem o funcionamento dela, não é um absurdo a ponto de ser propagado pelos sete cantos que o pai ajude. Talvez por não ser necessário, talvez por inibição de parecer inovador demais para o contexto da sociedade portuguesa machista... Aí só a psicologia poderia responder. Mas de fato aqui não é muito diferente do Brasil.

Vejo atitudes bacanas que provam as pequenas mudanças; pais que vão deixar a mulher no trabalho, depois um dos filhos na escola e levam o outro menor, o bebê, junto (ou para depois deixar na creche ou na avó). Pais que deixam e buscam os filhos todos os dias de bicicleta. Pais que buscam e depois levam ao parquinho enquanto a mãe chega do trabalho e resolve o "cardápio", pais que levam "o miúdo" depois da escola para jantar fora para a mãe descansar depois do trabalho... Enfim. Acho que a compreensão de que a mãe é que tem todos os deveres com a criança e o pai pode eventualmente ajudar, está aos poucos perdendo sentido. Quem tem mais tempo ou disposição fará o que tiver de ser feito, seja papai ou mamãe. Isso é bacana.

Bjs,

Michelle

Carol Szabadkai disse...

Neda, muito legal saber o jeitinho do pessoal daí. Creio que está mais ou menos no mesmo pé que o Brasil, eu vejo um pouco de diferença comparado com aqui, porém creio que todos estão indo para o caminho da paternidade ativa, que já é bem necessária nos dias de hoje, onde homem e mulher trabalham fora e precisam dividir as tarefas de casa também.
Adorei o texto!
Beijinhos!

Lu disse...

Oi Neda,

Eu acho q a situação "paternal" aí está ainda bem parecida com o Brasil, né? Achei interessante saber e confesso, me soou muito "estranho", já q hoje em dia a minha realoidade é tão diferente. Eu acredito q grande parte da "culpa" seja das mulheres mesmo. É dificil baixar a guarda, desencanar, aceitar q o outro faça diferente. Mas quando elas se derem conta dos beneficios q isso traz, não vão querer voltar a tras!

Beijos!

Unknown disse...

Muito interessante essa relação. Bem similar ao Brasil!! Gostei !! Super bjs

Dani Cassar disse...

Oi Neda, aqui em Malta e assim ou um pouco pior, os pais nao sao muito participativos e eu tive que reeducar o Mario a me ajudar com a Bella, pq aqui nao eh muito comum...mas as vezes ele da umas escorregadas...rsrs
Bom saber um pouquinho sobre a paternidade ai em Mendoza.
Bjs

Juliana Silveira disse...

Neda,
Acho que você falou o essencial: as mulheres já tem um tempinho que estão sendo criadas pra serem independentes, mas os homens ainda são educados à maneira antiga... Essa diferença tá pesando na balança; o homem em casa ainda cumpre tarefinhas pra ser legal pra mulher, mas ainda não entende que ele deve pensar a casa como um todo, como uma mulher normalmente é educada para fazer.
Espero que as coisas estejam bem por aí!
bjs
Juju