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quarta-feira, 27 de abril de 2011

O passado: o parto do Guilherme

Na semana em que muita gente está esperando para saber se é menino ou menina, vou começar uma viagem no tempo e contar algumas coisas do passado, do tempo em que eu não tinha dado um tempo na blogosfera e o máximo que fazia era usar o fotoblog. By the way,  o ultrassom foi marcado para a próxima semana num horário em que João e Guilherme podem ir. Dito isso, vamos ao que interessa.

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Em breve teremos nosso segundo filho e acho que consegui superar o fato de não ter tido um parto como o que eu gostaria. Sou uma pessoa muito critica e perfeccionista com as minhas coisas e me custa admitir que não sou capaz de tudo, principalmente com a aquilo que eu não posso controlar, vai entender. Muitas coisas me incomodaram com relação ao parto, mas hoje vejo que naquele momento foi o melhor.

Preciosos minutos entre as contrações

Relato parto Guilherme
Pouco depois das cinco da manhã, do sábado 29 de julho, acordei com a sensação de que o teto estava desabando sobre mim. Uma cólica enorme me impedia de estirar as costas, sabia que havia chegado a hora! Dobrada ao meio vou até o banheiro, sento e tento relaxar. Percebo que estou molhada, não tem cheiro de nada, não é xixi, mas também não sinto o cheiro de água sanitária ou semem que tantas dizem sentir. A água não jorra. Começo a lembrar das recomendações da médica na consulta de dois dias antes: a partir de agora coma sempre comidas leves a noite e se acordar com fome prefira sucos. Minha comida na noite anterior havia sido espiritual, um delicioso bacalhau espiritual. Comi que me fartei! Achei graça.
Voltei para o quarto, a contração havia passado a dor nas costas não. Pego o relógio e começo a cronometrar o tempo. Tudo bem certinho, pouco mais de cinco minutos entre uma contração e outra. Acordo o João e ele assume o controle do relógio. Meu corpo funciona com precisão e aos poucos o intervalo diminuiu para 5 minutos. Telefonamos para a médica e avisamos a minha mãe. Eram 6:00am. Apesar da dor nas costas não passar e eu não sentir nenhum alívio entre as contrações está tudo bem. Volto ao banheiro. Respirando fundo fico lá, não penso em nada. De repente a conversa ao telefone me chama de volta a realidade. Como assim o  hospital descredenciou o plano? Tento manter a calma, evitar o estresse, a adrenalina atrapalha o trapalho de parto não posso esquecer disso.
O tempo passa, João e a médica tentam encontrar uma alternativa. O tempo vai passando ... o intervalo entre as contrações diminiu, não encontro posição, nada. Embarco direto e sem escalas para a partolândia (na época nem conhecia o termo) a partir daí é tudo meio cinema noir, flashes borrados em preto e branco. Já passam das 08:30 quando vamos para a maternidade, atravessamos a cidade. Quando chegamos não consigo ficar em pé, não domino minhas pernas, elas simplesmente abrem. A internação demora muito, sinto os olhares das mães esperando por sua cesárea, não me importo, nada importa. Lembro de ouvir uma delas dizendo que queria tanto um parto normal, mas como não entrou em TP ... 
A médica chega, eu digo logo que está pra nascer e aviso: quero analgesia. Ela sorri e diz que vamos para o quarto ver o quanto falta. Lembro de sentir raiva, só porque é meu primeiro filho eu não sei? Deito na cama e ela faz o toque, 8cm! O bebê ainda está alto, é melhor ir logo pro Centro Cirurgico. O anestesista de plantão não é nada simpático. Para minha surpreza entra o João, ele havia mudado de idéia, fico muito feliz e me sinto mais tranquila. Colocam soro e tudo piora muito, além da dor nas costas, as contrações são fulminantes. Descubro que no soro tem ocitocina. Na hora da anestesia, alivio. Sinto um pouco as pernas, mas não há dor. São quase 10:00 e a partir desse momento tudo acontece MUITO rápido. A médica e a neonatologista dizem quando fazer força, eu faço, "muito bem". O anestesista empurra a minha barriga e Guilherme nasce as 10:08.
Ele não chorou! Nasceu deprimido e me mostraram ele rapidinho e levaram para receber o atendimento necessário. Coisa boa não passou pela minha cabeça nessa hora. Ouvimos um choro e disseram que era ele, nem sei, pedi para o João ir lá ver se estava tudo bem. Enquanto isso começa a parte final do parto, a placenta. A médica me mostra e diz que está inteira. Foi ai que descobri que ela fez uma episiotomia e que o corte lascerou. Guilherme está bem! Vou para a sala de pós operatório e ele para o berçário. Por volta da uma da tarde estamos todos no quarto.

No berçário esperando a mamãe sair da observação

Por que o Guilherme nasceu "molinho"?
Cada especialista tem uma versão para o porquê do Guilherme ter nascido deprimido e eu já me preocupei muito por isso. Nenhuma das teorias me convece, e como cada um jogou o problema no colo do outro , penso que o conjunto das coisas fez com que fosse assim. Hoje, aceito que era para ser assim e torço para que não se repita. Mas, quando vamos a um novo pediatra e ele pergunta como o Guilherme nasceu, eu não gosto.

A primeira mamada

Faria algo diferente com relação ao pré-natal e parto? 
Muitas das decisões que tomamos foram limitadas pelo nosso orçamento e o aprendizado foi grande. Poucas coisas eu teria feito diferente com relação ao pré-natal. Na época era o que tinhamos condições de fazer. Não adianta nada ficar pensando em onde eu poderia ter economizado para poder, por exemplo, contratar uma doula ou importar livros. Passou e hoje estou menos ingenua com relação ao assunto. Confio no meu instinto, sei que em 90% dos casos o corpo funciona como tem que ser, eu é que preciso ter paciência.

Um papai muito, muito feliz

10 comentários:

Juliana Silveira disse...

Adorei seu relato e me lembro bem dessa linda história. Aliás, eu acabei sendo uma das primeiras pessoas a ter notícia porque eu tinha ligado pra voces naquela manhã. Eu estava nas Lojas Americanas e estava tendo uma mega promoção de fraldas e queria saber se vocês estavam querendo alguns pacotes. O John atendeu e ele estava extasiado, muito feliz mesmo. Foi muito bom! E ele continuou com aquela carinha de "nas nuvens" durante muito tempo depois, dizendo que estava adorando ser pai, que não fazia ideia de como era bom... era muito bom ouvi-lo falar assim!

Lia disse...

Uau, Neda, que parideira!
Olha, é muito comum os bebês nascerem deprimidos, molinhos, sem chorar. Às vezes é algum problema durante o parto, mas na maioria das vezes a coisa se resolve logo. Li trocentos relatos de partos naturais em um livro que minha parteira me emprestou e em alguns, o bebê demorava a respirar, nascia mole, roxinho. O importante é que ele seja mantido ligado ao cordão pra receber esse O2 suplementar até que a respiração esteja 100% estabelecida.
Desejo um segundo parto libertador para nós, sem separação dos nossos filhotes! Isso dói mais que qualquer episio...

Paloma Varón disse...

Neda, com as informações que vc tem hoje, com certeza tudo será diferente. E isso que a Lia façlou é importantíssimo, mas poucos hospitais respeitam. O cordão tem de parar de pulsar para ser cortado. Este aporte extra de oxigênio e de ferro que ele recebe da mão são fundamentais.
E, como vc disse, em 90% dos casos o corpo da mulher funciona muito bem. Se ninguém atrapalhar, tudo dará certo!
Beijos

Houser disse...

Eu sempre lembro da cara de pugilista do Ruivo Herring embrulhado em vermelho, da pressão da Neda baixando no quarto, e de não saber se eu ficava com ela ou chamava uma enfermeira.

Clarinha disse...

Neda, eu fiz de tudo pra ter um parto normal e não me esqueço da médica, num dos exames de toque, dizendo: acho que não vai dar... Foi muito frustrante. Passei algumas horas em trabalho de parto com muitas contrações e ainda saí com uma cesárea! Não foi uma experiência boa, mas sei que, como vc, fiz o que podia ser feito naquelas circunstancias. Se algum dia vier um segundo, quero ser como vc: usar o que aprendi! Vai com fé que todos estamos torcendo para ser como vc quiser e vai ser!

Flavia disse...

Neda,
Concordo com você que o corpo, na maioria das vezes, sabe o que fazer!
é preciso paciencia de esperar o tempo certo. Mas tambem, infelizmente a decisão de esperar o tempo certo não depende só da mulher... Torço pra que o teu proximo parto seja do jeito que vocês planejarem.
me emocionei ao ler teu relato, e adorei saber um pouquinho mais da história de vocês.


beijo grande

Mikelli disse...

Adoro ler relatos de parto e o seu parece ter sido bom! nunca tinha escutado sobre o fato de nenéns nascerem deprimidos ou molinhos, mas tb nunca me interessei pelo assunto. As vezes eu acho ate melhor nao ler tanto sobre maternidade, pq cada um tem uma experiencia e nao existe formula geral. Como vc, acredito que o nosso corpo esta preparado pra isso. =) bjs!!

Neda disse...

Vamos lá ...
No relato decidi não dizer extamente o que me incomodou, nem fazer comentários nem nada sobre cada passo.
Uma das coisas que me chamou a atenção foi que cortaram logo o cordão, eu achava (ainda acho)que o melhor é esperar o cordão parar, mas ...
Hoje, com certeza, tenho mais informações e a mais ricas de toda é já ter passado pela experiência, sei quais são as sensações na pele e isso é importante. Mas o que mais me incomoda ainda é a sensação de me sentir traída, eu confiei na profissional escolhida, ela sabia quais eram os meus desejos e além de não respeita-los eu me senti completamente ignorada, nada me era comunicado era como se não estivesse ali.
O Cris comentou algo que eu não falei, que foi o que aconteceu no pos parto, eu tive um queda de pressão assustadora, entre outras coisas que podem acontecer. Se ele e a Blenda não estivessem no quarto comigo teriam me encontrado desmaiada.
Como a Flavia falou a espera não depende só da mulher, depende da equipe e até do pai, que nessa hora está preocupado com duas pessoas que ama. Mas existe uma margem de segurança que nem sempre é respeitada. Será que eu precisava mesmo do soro?
Quanto aos bebês deprimidos, minha tia, que é médica, deu uma pesquisada no tema já que a área dela é outra. Segundo o que ela apurou, é "normal" ou esperado que os bebês nasçam assim e os pais deviam ser preparados para isso, mas não é o que acontece e na prática o que se vê nas rodas de mães é uma competição de índice apgar quando nasce algum pimpolho.

Luana Braga disse...

É isso mesmo que você escreveu no finalzinho, amiga. O corpo parece "saber" o que fazer. Basta-nos ter paciência e respeitá-lo. Parabéns pelo Guilherme :) e pelo bebê à caminho! Beijos,
Luana, Olivia e Ricardo

Sofia Fonseca disse...

Oi Neda

Tu sabes como sofro até hoje com tanta ansiedade em relação ao Salim devido ao nascimento do Salim.
Tenho pesadelos com o apgar!
Tu ajudaste-me muito a superar este trauma.

Um parto de 10horas com dilatação calma e bolsa intacta!

Arrebentam a bolsa e o bebé não desce e encaixa.

Nasceu roxo, teve que ser entubado e não deixaram ver por quase 12h por estar em observação por estar atónico (acho que é este o nome), estava molinho!

Nasceu puxado pela ventosa, e queriam fazer vários exames neurologicos que davam todos inconclusivos devido à idade.

Ninguém teve o cuidado de me dizer que algo que acontece frequentemente.

Enfim...

Cada vez que penso em filhos novamente só penso no parto e digo que prefirirei uma cesareana.

Nunca entendi o que passou!

Mas como dizes, com a experiencia, agora será mais fácil.

Por isso é que tenho pavor a partos naturais ou em casa.

Para mim é tudo muito imprevisivel

Faz bem a tua escolha e tudo vai correr perfeito

Beijinhos