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sábado, 19 de março de 2011

Blogagem Coletiva: Parto na Argentina - Mendoza





Acho que uma das primeiras perguntas que tive que responder aqui na Argentina foi se pretendiamos ter mais filhos. Ante a resposta afirmativa, veio a segunda pergunta: vai nascer aqui? Outra vez a resposta foi sim. Se seguiu uma série de argumentos que não vem ao caso para tentar nós convencer de que era melhor ir ao Brasil ter filho. Frente a nossa persistencia, veio o consolo: o parto normal aqui ainda é regra, MAS ninguém te obriga não, quem quer faz cesárea. E nessa hora foi o marido (para meu enorme orgulho) que respondeu: 
- Mas a gente quer é normal mesmo, na verdade o mais natural possível. 
E foi assim, antes mesmo de engravidar que comecei a pesquisar sobre o parto em terras "hermanas".
Mas antes, deixa eu contar um pouco sobre Mendoza. Nós moramos no interior, numa cidade que não tem 115 mil habitantes, numa zona altamente conurbada que soma um milhão de habitantes. Pouco para os padrões brasileiros, né? Mas se você parar pra pensar que a Argentina toda tem pouco mais de 40 milhões de habitantes e destes quase 40% estão na provincia de Buenos Aires, concentrados na zona metropolitana, até que é razoável. Mas por que isso é importante? Bom, as primeiras pesquisas foram bastante frustrantes, só encontrava material referente a Buenos Aires,cursos, doulas, maternidades do jeito que eu queria. Até encontrei coisas em Cordoba e outras cidades, mas o grosso era na capital federal. Mas a impressão que ficou até agora se mostrou verdadeira. A humanização do parto ainda é uma novidade e, assim como acontece no Brasil, muitas coisas são completamente desrespeitadas na hora P.
Ai, me descobri grávida e era hora de ver como é realmente a coisa por estas bandas. Entrei em contato com uma doula em Buenos Aires, que me indicou uma parteira aqui (não conhecia nenhuma doula em Mendoza). Entrei em contato com a parteira e falei da minha experiência e dos meus desejos para o futuro e, conversa vai, conversa vem, ela me indicou um obstetra. Segundo ela, um "caballero humanizado" que seria a pessoa indicada para me acompanhar e respeitar o que eu desejo (e o do pai) para o parto. E foi ele que confirmou a impressão que eu tinha.
O parto normal aqui é o parto tradicional. A mulher chega na maternidade, fazem o toque, colocam o soro (ocitocina sintética), se for o caso já vai para a sala de parto onde vão anestesiar e justamente por isso vão precisar fazer a Manobra de Kristeller, sem falar na episiotomia. A enorme maioria dos hospitais não aceita a presença da doula e muitos não deixam ninguém acompanhar a parturiente. Não existe a opção de piscina/ banheira e a bola quem quiser que leve a sua. A única coisa que ainda não ficou clara foi se existem alternativas a posição para o parto, algo me diz que já sei a resposta. Agora, uma coisa que aparentemente não rola é a mulher que quer um parto normal, ser de ultima hora induzida a uma cesária por motivos que na verdade não são indicativos para a cirurgia.

Existe claro, uma diferença com relação ao serviço público e o privado. E o privado se divide entre os que tem "obras sociais", medicina pré-paga, os seguros e quem vai pagar do proprio bolso. Também existe a possibilidade de você se associar ao hospital para ter um preço melhor da internação. Segundo rápida pesquisa,  a principal diferença entre o público e o privado aqui em Mendoza está no conforto. Dá para garantir quarto particular, o pai pode dormir no hospital, alguns são mais flexíveis com visitas (isso é pra quem gosta de receber na maternidade, eu mesma prefiro não). Tem também a questão da espera para ser atendido, esse tipo de coisa.


Para saber como é o parto em outros países, acesse: http://www.maesinternacionais.com/2011/03/13/o-parto-19-de-marco-de-2011/

9 comentários:

Claudia Storvik disse...

Neda, parabens pelo post e pela segunda gravidez. Espero que consiga ter o parto que deseja. Boa sorte! Bjs.

Flavia disse...

Neda,

Achei a Argentina (Mendoza) parecida com a España em alguns aspectos. Ou seja, ainda tem que melhorar muito...
Que legal que o você e o João pensam iguais nesse ponto. É super importante ter o apoio do maridão nessa hora, porque se precisar, na hora P... ele que vai ser um pouco teu "doulo" e defender teu direito de ter o parto que você deseja (obviamente sem forçar a barra, e se tudo tiver ok com você e o bebê).

Torço que dê tudo super certo!


beijos

beta disse...

Neda, que maravilha o pai poder dormir no hospital. Aqui me senti tao sozinha durante a semana que passei na maternidade....
Beijinho!

Paloma Varón disse...

Minha torcida e minha intuição dizem que vc vai estreiar o parto natural em Mendoza!
Beijos

Lia disse...

Neda, não rola um domiciliar?

Carine disse...

Neda, eu te desejo muita força interior e estou torcendo para vc ter o parto que deseja. beijao:))

Neda disse...

Lia,
Existe a possibilidade de parto domiciliar, mas para nós não é uma opção. Guilherme nasceu anoxio, com apgar 4, e isso causou um impressão muito forte no João. Já deixou bem claro, parto domiciliar nem pensar eu entendo e aceito essa posição dele, afinal todo o resto ele me apoia, participa numa boa.
Bjs

Sofia Fonseca disse...

Neda,
Faz-me muita confusão a escolha do parto natural.
Eu acho o parto normal com epidural um parto natural com a vantagem de não haver sofrimento.
O restante mantém-se.

Parece um sofrer sem necessidade.

Eu pessoalmente não tenho coragem para tal.

As dores desorientam-me e não consigo ajudar no parto.

Pensa bem e podera tudo.

Maior força em qual for a escolha.

Bjinhos
Sofia

Juliana disse...

Oi querida, eu me lembro de como foi sua narrativa do nascimento do Gui, e do susto do João com a anoxia dele. Experiência você tem de sobra. Desejo que consiga ter o new baby on the block do jeito que quer e precisa!